Nos próximos 20 anos, Coimbra deve ambicionar estar no grupo da frente das cidades portuguesas, e no grupo das 10 primeiras cidades europeias de igual dimensão, nas seguintes variáveis: 1 ) Emprego; 2 ) Produto Interno Bruto per capita; 3 ) Educação: primária, secundária, universitária, ocupacional e profissional; 4 ) Capacidade de transformar conhecimento em atividade económica; 5 ) Cuidados de saúde; 6 ) Cuidados específicos de apoio aos idosos e às suas famílias, bem como aos desfavorecidos; 7 ) Qualidade de vida e ambiente; 8 ) Participação cívica e democrática dos cidadãos na vida do concelho.
As potencialidades de Coimbra para atingir estes objetivos são bem conhecidas e têm de ser potenciadas e aproveitadas: a sua centralidade geográfica, a Universidade e a sua capacidade – que tem de ser reforçada – de atrair pessoas jovens, a área da saúde que é dinâmica e de elevado potencial, a sua história e monumentalidade, a qualidade do seu território, as pessoas e os recursos endógenos, entre muitas outras potencialidades que precisam de ser melhor exploradas e coordenadas. Exige-se, no entanto, uma nova atitude, disruptiva e centrada na capacidade de atrair e fixar empreendedores, criar negócios, fixar empresas, gerar atividade económica e emprego, permitindo que Coimbra tire partido da sua capacidade de criar conhecimento e inovar. Coimbra tem de criar condições para o investimento, mostrar que se organizou e sabe o que é necessário, e que tudo isso está no seu ADN. Há perguntas que temos de ser capazes de responder: A nossa cidade preparou-se para o investimento? Pensa pela cabeça de um investidor? Preparou-se para atrair empreendedores? Fez o trabalho de casa? Está consciente disso? Organiza o seu espaço, incluindo inúmeros edifícios urbanos abandonados, para localizar atividade económica? Pensa na baixa e no seu potencial, até como comunidade, para diferenciar a cidade relativamente a outras e com isso dinamizar ações que tenham como missão gerar atividade económica, e com isso riqueza e emprego?
Enquanto que outras cidades foram realizando estratégias para responder a esses desafios, como é o caso, por exemplo, do Porto, Aveiro, Guimarães e Braga, a cidade de Coimbra, alheada do seu potencial e daquilo que se passa no país e no mundo, inebriada por um passado glorioso e, aparentemente, considerando que existem coisas que são suas por direito, ignorou por completo a economia, as empresas, não quis saber do iParque (que é urgente reativar, construir a 2ª fase e construir a aceleradora TESLA, destinada a empresa de cariz industrial), não promoveu a diferenciação, a capacidade de atrair atividade económica, a capacidade de fixar empreendedores, e, em consequência, tem os resultados que estão à vista de todos. Resultados que só nos podem envergonhar e que colocam em causa essa ideia de que somos os melhores. Por exemplo, a Câmara Municipal publicou há dias um regulamento destinado a atrair investimento. É um pequeno passo, apesar de tardio, no sentido certo. No entanto, faltam milhares de outros passos, bem maiores: falta o compromisso pela celeridade de processos, incluindo licenciamento, falta a ideia clara de parceria comprometida, faltam equipas, falta dinamismo, falta perceber o que deve ser feito, e falta a vontade e engenho para construir uma estratégia que permita que Coimbra seja um local vibrante e onde as coisas acontecem. É tudo isto que temos de realizar. As entidades públicas definem política, agilizam o processo de decisão e licenciamento, ajudam, promovem, criando uma parceria comprometida. O resto, acontece naturalmente.
A inovação pode transformar uma cidade. Pode ser o catalizador decisivo dessa transformação, desde que seja bem entendida pelos decisores e pelos cidadãos. Nesse objetivo, são essenciais as seguintes tarefas:
– Identificar, atrair e fixar líderes, pois isso é essencial para uma mudança sustentada de rumo. Isso significa pensar globalmente a cidade, tornando-a um local que seja capaz de atrair e fixar aqueles que criam oportunidades, formam equipas e incentivam os outros numa dinâmica empreendedora que é essencial adoptar. Este objetivo será transversal a todas as medidas que serão propostas, sendo claro que o seu grau de sucesso, inicialmente modesto, será diretamente proporcional aos resultados que forem sendo obtidos e à mudança de atitude que todos formos capazes de protagonizar;
– Ajudar na transformação do conhecimento e das ideias em projetos inovadores que tragam para Coimbra atividade económica e gerem mais-valias que permitam criar emprego. Isso implica uma estratégia partilhada com os vários atores municipais, regionais e nacionais nesta área, procurando identificar iniciativas e ter no terreno os meios para lhe dar corpo e acelerar o seu desenvolvimento.
Mas também ter uma ideia clara de coordenação para que as várias ações possam ser eficazes. Nessa perspetiva, é essencial:
– Gerir de forma integrada os vários locais de localização empresarial da cidade, bem como definir uma estratégia que permita fixar no interior da cidade áreas empresariais para as quais a cidade está especialmente vocacionada e para as quais existem fortes possibilidades de ser um local de sucesso pelas potenciais sinergias que se podem criar. São exemplos as áreas cultural, turística, serviços especializados, educação e formação, tecnologia, software de aplicação, etc. Essa gestão, deverá ser feita por uma entidade única, sem fins lucrativos, que tenha a câmara municipal como parceiro e que possa reunir os vários parceiros desta área: instituições universitárias, centros de I&D, empresas, comerciantes e cidadãos.
Todos estes objetivos têm de ser possíveis de avaliar usando os indicadores acima referidos, nomeadamente o emprego e a atividade económica. É para isso que devemos direcionar os nossos melhores esforços.
E se… , um programa de Norberto Pires
Realização de Rijo Madeira