A realidade dos “sem abrigo” em Coimbra é desconcertante. Assim, de repente, parece que não são muitos, pelo menos aqueles que são visíveis, mas são várias dezenas aqueles que vivem à margem da vida. Com 186 euros e 68 cêntimos mantêm uma existência errática, desprendida, isolada e muito pouco humana. Fomos ver como viviam, o que pensavam, como olham para o mundo e qual é a sua rotina. A palavra rotina aplica-se na perfeição. Vivem uma forma de vida, sem vida, puramente mecânica e bioquímica. São seres quase invisíveis, com 186 euros e 68 cêntimos. Já não estão na rua, apesar de muitos dos quartos que alugam serem ainda piores que a própria rua, as roupas não estão rasgadas e têm acesso ao mínimo de higiene pessoal. Tornaram-se invisíveis ao olho apressado. Mas estão lá, são cada vez mais e nada parece resolver a sua sina.
Neste programa, que foi muito difícil de gravar, andamos por Coimbra, vimos a realidade e trazemos-lhe as palavras do Samuel. O resto é somente aquilo que gostaríamos que você fizesse: pensasse um bocadinho na vida destas pessoas que todas as outras abandonaram, apesar de várias instituições de apoio social, com a presença da Câmara Municipal de Coimbra, apoiadas por muitos voluntários fazerem um trabalho quase heróico.