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“Para além do mar vermelho” de Carlos Carranca

carranca
Dia 27 de Outubro, no Palácio da Lousã pelas 21.30, sessão de
apresentação da obra poética “Para além do mar vermelho”, pela Professora catedrática Isabel Ponce de Leão da Universidade Fernando Pessoa (Porto).
Do programa consta ainda a intervenção do senhor Carlos Dias em representação dos “Salatinas” (povo da Alta de Coimbra) e, projeção de um DVD da autoria de Miguel Afonso Carranca ” entre o mar da Gala e a Serra da Lousã”.
Finalmente, concerto de guitarra de Coimbra com José Reis (viola),Francisco Viana(guitarra),Paulo Alexandre(guitarra) e Arnaldo Tomás (viola). Canto e poesia.
Não esquecer que esta publicação tem como destino maior apoiar crianças do IPO.
Entre as entidades que patrocinam ou apoiam a obra consta a Câmara Municipal da Lousã, EFAPEL, TREVIM, Centro de Estudos da Lusofonia Agostinho da Silva /ULHT, Junta de Freguesia de Serpins.
Um Beirão de Honra a encerrar.

E SE… – Praxe: receção aos caloiros

Este é um daqueles programas que não fará de mim uma pessoa muito popular, mas isso na verdade pouco me importa. Nos últimos dias presenciei, de novo, cenas verdadeiramente degradantes nas várias praxes de receção aos caloiros que fui encontrando um pouco por toda a cidade. Insultos de todo o tipo, palavras de ordem aos gritos, humilhações várias, alunos com excesso de álcool ao ponto de não se aguentarem em pé, alunos que caiem na rua (como presenciei há dias), porque estão de tal forma alcoolizados que pura e simplesmente desmaiam, muito ruído e um conjunto de atividades que nada têm a ver com divertimento, algo que se possa identificar como uma prática de receção àqueles que escolheram Coimbra para estudar ou qualquer outro tipo de ação que eu, mesmo fazendo um enorme esforço para recordar aquilo que fiz como estudante, consiga sequer considerar minimamente admissível.
Atualmente, a praxe de receção aos caloiros resume-se em grande medida a um conjunto de atividades que não dignifica ninguém. Nem quem a aplica, nem quem a recebe, nem a universidade, nem a cidade e muito menos representa algo que possamos considerar espírito académico. É preciso ser claro. Estas práticas não fazem o menor sentido e precisam de uma revisão urgente. Preocupa-me que isto aconteça um pouco por todo o país, mas preocupa-me ainda mais que aconteça na minha universidade. Os alunos da Universidade de Coimbra, em colaboração com a reitoria, deveriam repensar a PRAXE e fazer dela um exemplo para todo o país e para todo o mundo. É uma obrigação e uma necessidade.
A receção aos caloiros tem de ser algo que nos distingue. Com diversão, claro. Com exagero, porque não? Com todas as coisas que têm a ver com pessoas jovens, que têm a vida pela frente e a encaram destemidas, com entusiasmo, cheias de projetos e ambições. Claro que sim. Mas não pode perder o seu propósito, nem pode esquecer que se enquadra numa cidade e numa universidade que tem mais de sete séculos de história. Uma universidade que criou e reinventou a Praxe, que lhe deu várias formas, que a suspendeu e reviu, que a teve sempre como uma prática dinâmica ao serviço dos estudantes e da imagem da Universidade de Coimbra. É importante que esta festa seja uma forma de receber os que nos escolheram, onde lhes são apresentados os vários locais e atividades a que se podem dedicar em Coimbra para além de estudar. Uma forma de lhes apresentar a universidade, os seus serviços e capacidades, a cidade, a sua história e cultura, a região, um estilo de vida com boémia, com cultura, com tertúlia, com amigos, com muitas vivências que só são possíveis numa cidade como Coimbra e numa universidade clássica e secular como a nossa. Deixar que tudo isto se resuma a muito álcool, atitudes nada dignas e muito ruído, é muito pouco, é muito triste e sobretudo não nos dignifica.
Repensar tudo isto é um trabalho urgente. Desafio o Reitor da Universidade de Coimbra e o Presidente da AAC a assumirem essa tarefa como objetivo de curto prazo, dinamizando os estudantes, mas também os docentes e funcionários para algo que me parece absolutamente prioritário. Assumindo o passado, tendo dele um enorme orgulho, mas percebendo que o que hoje fazemos não é, de forma alguma, algo que nos possa deixar satisfeitos ou que nos represente.
Muitos argumentarão, até de forma comparativa, que também existiram excessos no passado que não foram controlados em devido tempo.
É verdade. No entanto, este problema é hoje muito sério porque os danos de imagem, para todos, são agora muito significativos. Afetam-nos a todos de forma muito evidente, mas, arrisco dizer, afetam de forma muito mais significativa os estudantes. A imagem anterior de boémia, associada a coragem, capacidade de intervenção e irreverência, com alguns excessos e excentricidades pelo meio, é agora essencialmente de excessos sem grande conteúdo. Isso não é nada positivo e tem de nos preocupar a todos.
É por tudo isso que apelo aos órgãos da Universidade de Coimbra, da Cidade de Coimbra e da Associação Académica de Coimbra para que repensem a festa e tomem medidas para impedir os excessos, retomando de forma muito marcada a ideia original de uma festa estudantil, irreverente, interventiva, com aspetos culturais muito relevantes, muito divertida e atrevida. É isso que nos distingue.
Norberto Pires

E se… , um programa de Norberto Pires
Realização de Rijo Madeira

 

23ª EDIÇÃO DOS CAMINHOS DO CINEMA PORTUGUÊS

Os Cami­nhos do Cinema Por­tu­guês” regres­sam no final do pró­ximo mês de Novem­bro para a sua 23.ª edi­ção. Desde 1988 que em Coim­bra é orga­ni­zado o único fes­ti­val dedi­cado ao cinema naci­o­nal, pro­mo­vendo todos os géne­ros e metra­gens de auto­res aspi­ran­tes ou con­sa­gra­dos. Os Cami­nhos são plu­rais e neles se encon­tra a diver­si­dade de regis­tos, olha­res e rea­li­da­des pro­mo­vi­das pelo Cinema Por­tu­guês. De 27 de Novem­bro a 3 de Dezem­bro o fes­ti­val ini­ci­ará a única com­pe­ti­ção cine­ma­to­grá­fica do país que além dos fil­mes, irá tam­bém pro­mo­ver e pre­miar a inter­ven­ção téc­nica e artís­tica que con­ju­ga­das trans­for­ma­ram o cinema na sétima arte. Este fes­ti­val conta com duas sec­ções com­pe­ti­ti­vas; a Sele­ção Cami­nhos, aberta a todas as obras pro­du­zi­das desde a edi­ção tran­sata do fes­ti­val; e a Sele­ção Ensaios, sec­ção inter­na­ci­o­nal dedi­cada ao cinema pro­du­zido em con­texto aca­dé­mico ou de for­ma­ção profissional.

Os pré­mios que se apre­sen­tam em regu­la­mento pode­rão pare­cer vas­tos, mas são a res­posta clara de um fes­ti­val, que na sua 23.ª edi­ção, almeja pre­miar mais uma vez todo o cinema por­tu­guês”. Assim, os fil­mes inte­gran­tes da Selec­ção Cami­nhos pro­põem-se ao Pré­mio do Júri de Imprensa, ao Pré­mio D. Qui­jote da Fede­ra­ção Inter­na­ci­o­nal de Cine­clu­bes, bem como, à ava­li­a­ção do Júri Selec­ção Cami­nhos que atri­buirá quinze pré­mios téc­ni­cos, qua­tro pré­mios ofi­ci­ais para os três géne­ros, ani­ma­ção, docu­men­tá­rio e fic­ção, em com­pe­ti­ção e por fim o Grande Pré­mio do Fes­ti­val.

Ver, clas­si­fi­car e pre­miar esta diver­si­dade de cate­go­rias será o resul­tado da con­ju­ga­ção de um leque alar­gado de sabe­res espe­ci­a­li­za­dos que , de forma aná­loga à pro­du­ção cine­ma­to­grá­fica, fun­ci­o­nam como um todo. Pro­cu­rá­mos na cons­ti­tui­ção dos vários júris res­pon­der ao desa­fio de ver e com­pre­en­der a ima­gem em movi­mento, atra­vés de múl­ti­plos pris­mas, ora intrin­se­ca­mente cine­ma­to­grá­fi­cos, como aná­lo­gos à pre­sença dos fil­mes nas nos­sas vidas enquanto mar­cas vivas, ora pela forma como os meios e con­tex­tos em que são pro­du­zi­dos são tam­bém parte inte­grante das narrativas.

Assim, o Júri do Pré­mio de Imprensa é cons­ti­tuído pelos jor­na­lis­tas Cláu­dia Mar­ques San­tos Fer­nando Moura e pelo crí­tico de cinema Luís Miguel de Oli­veira. Este júri terá o objeto de dar uma maior visi­bi­li­dade e reco­nhe­ci­mento público da cine­ma­to­gra­fia naci­o­nal, pre­mi­ando o rigor e a ousa­dia esté­tica, tanto no plano nar­ra­tivo, como a nível da ima­gem cine­ma­to­grá­fica. Pre­tende-se, assim, valo­ri­zar a pro­du­ção naci­o­nal numa pers­pec­tiva artís­tica, que é uma das suas valên­cias mais expressivas.

5ª Tertúlia “Fim do Império”

5ª Tertúlia “Fim do Império”

A próxima Tertúlia vai acontecer em Coimbra, já no próximo dia 10 de Outubro, às 15h00, na sede do Núcleo de Coimbra da Liga dos Combatentes.

Palestrantes:
• Carlos Acabado – autor do livro “KINDA e Outras Histórias De Uma Guerra Esquecida”
• Graça Fernandes – autora do livro ‘KUMBIRA – Estreitando Laços’

As Tertúlias são formadas por escritores e pelo público em geral, que têm em comum a partilha de memórias escritas alusivas às campanhas militares do antigo Ultramar Português.

Reúnem-se, periodicamente, em Tertúlia Literária, em que os autores falam e divulgam os seus livros, que constituem a coleção Fim do Império.

fim 2

Nos próximos 20 anos: realizar

Nos próximos 20 anos, Coimbra deve ambicionar estar no grupo da frente das cidades portuguesas, e no grupo das 10 primeiras cidades europeias de igual dimensão, nas seguintes variáveis: 1 ) Emprego; 2 ) Produto Interno Bruto per capita; 3 ) Educação: primária, secundária, universitária, ocupacional e profissional; 4 ) Capacidade de transformar conhecimento em atividade económica; 5 ) Cuidados de saúde; 6 ) Cuidados específicos de apoio aos idosos e às suas famílias, bem como aos desfavorecidos; 7 ) Qualidade de vida e ambiente; 8 ) Participação cívica e democrática dos cidadãos na vida do concelho.
As potencialidades de Coimbra para atingir estes objetivos são bem conhecidas e têm de ser potenciadas e aproveitadas: a sua centralidade geográfica, a Universidade e a sua capacidade – que tem de ser reforçada – de atrair pessoas jovens, a área da saúde que é dinâmica e de elevado potencial, a sua história e monumentalidade, a qualidade do seu território, as pessoas e os recursos endógenos, entre muitas outras potencialidades que precisam de ser melhor exploradas e coordenadas. Exige-se, no entanto, uma nova atitude, disruptiva e centrada na capacidade de atrair e fixar empreendedores, criar negócios, fixar empresas, gerar atividade económica e emprego, permitindo que Coimbra tire partido da sua capacidade de criar conhecimento e inovar. Coimbra tem de criar condições para o investimento, mostrar que se organizou e sabe o que é necessário, e que tudo isso está no seu ADN. Há perguntas que temos de ser capazes de responder: A nossa cidade preparou-se para o investimento? Pensa pela cabeça de um investidor? Preparou-se para atrair empreendedores? Fez o trabalho de casa? Está consciente disso? Organiza o seu espaço, incluindo inúmeros edifícios urbanos abandonados, para localizar atividade económica? Pensa na baixa e no seu potencial, até como comunidade, para diferenciar a cidade relativamente a outras e com isso dinamizar ações que tenham como missão gerar atividade económica, e com isso riqueza e emprego?
Enquanto que outras cidades foram realizando estratégias para responder a esses desafios, como é o caso, por exemplo, do Porto, Aveiro, Guimarães e Braga, a cidade de Coimbra, alheada do seu potencial e daquilo que se passa no país e no mundo, inebriada por um passado glorioso e, aparentemente, considerando que existem coisas que são suas por direito, ignorou por completo a economia, as empresas, não quis saber do iParque (que é urgente reativar, construir a 2ª fase e construir a aceleradora TESLA, destinada a empresa de cariz industrial), não promoveu a diferenciação, a capacidade de atrair atividade económica, a capacidade de fixar empreendedores, e, em consequência, tem os resultados que estão à vista de todos. Resultados que só nos podem envergonhar e que colocam em causa essa ideia de que somos os melhores. Por exemplo, a Câmara Municipal publicou há dias um regulamento destinado a atrair investimento. É um pequeno passo, apesar de tardio, no sentido certo. No entanto, faltam milhares de outros passos, bem maiores: falta o compromisso pela celeridade de processos, incluindo licenciamento, falta a ideia clara de parceria comprometida, faltam equipas, falta dinamismo, falta perceber o que deve ser feito, e falta a vontade e engenho para construir uma estratégia que permita que Coimbra seja um local vibrante e onde as coisas acontecem. É tudo isto que temos de realizar. As entidades públicas definem política, agilizam o processo de decisão e licenciamento, ajudam, promovem, criando uma parceria comprometida. O resto, acontece naturalmente.
A inovação pode transformar uma cidade. Pode ser o catalizador decisivo dessa transformação, desde que seja bem entendida pelos decisores e pelos cidadãos. Nesse objetivo, são essenciais as seguintes tarefas:
– Identificar, atrair e fixar líderes, pois isso é essencial para uma mudança sustentada de rumo. Isso significa pensar globalmente a cidade, tornando-a um local que seja capaz de atrair e fixar aqueles que criam oportunidades, formam equipas e incentivam os outros numa dinâmica empreendedora que é essencial adoptar. Este objetivo será transversal a todas as medidas que serão propostas, sendo claro que o seu grau de sucesso, inicialmente modesto, será diretamente proporcional aos resultados que forem sendo obtidos e à mudança de atitude que todos formos capazes de protagonizar;
– Ajudar na transformação do conhecimento e das ideias em projetos inovadores que tragam para Coimbra atividade económica e gerem mais-valias que permitam criar emprego. Isso implica uma estratégia partilhada com os vários atores municipais, regionais e nacionais nesta área, procurando identificar iniciativas e ter no terreno os meios para lhe dar corpo e acelerar o seu desenvolvimento.
Mas também ter uma ideia clara de coordenação para que as várias ações possam ser eficazes. Nessa perspetiva, é essencial:
– Gerir de forma integrada os vários locais de localização empresarial da cidade, bem como definir uma estratégia que permita fixar no interior da cidade áreas empresariais para as quais a cidade está especialmente vocacionada e para as quais existem fortes possibilidades de ser um local de sucesso pelas potenciais sinergias que se podem criar. São exemplos as áreas cultural, turística, serviços especializados, educação e formação, tecnologia, software de aplicação, etc. Essa gestão, deverá ser feita por uma entidade única, sem fins lucrativos, que tenha a câmara municipal como parceiro e que possa reunir os vários parceiros desta área: instituições universitárias, centros de I&D, empresas, comerciantes e cidadãos.
Todos estes objetivos têm de ser possíveis de avaliar usando os indicadores acima referidos, nomeadamente o emprego e a atividade económica. É para isso que devemos direcionar os nossos melhores esforços.

E se… , um programa de Norberto Pires
Realização de Rijo Madeira

E se… – O convento de São Francisco e a bela abandona

O Convento de São Francisco foi construído no século XVII e foi um convento de frades. Depois foi uma fábrica de lanifícios e acabou por ser adquirido pela CMC em 1995. Esteve para ser um centro de negócios e escritórios, um centro de congressos, um espaço hoteleiro e cultural até que, em Outubro 2010, foi adjudicado o projecto de equipamento cultural que acabou por ser construído.
A obra deveria ter sido inaugurada no final de 2012, isto é, há quase 4 anos e meio. Sim, leu bem, já vamos com uma derrapagem temporal de execução de cerca de 4 anos e meio.
O orçamento inicial foi de 23 milhões de euros. Atualmente, o custo da obra já deve ser superior a 50 milhões de euros, ou seja, apresenta uma derrapagem financeira de mais de 100% do orçamento inicial.
A programação do espaço e a sua gestão, dada a importância e dimensão do equipamento, deveria ter incluído um intenso debate com todos os agentes culturais da cidade e merecido um concurso público para a sua programação e gestão.
Em 2012 fui alertado para o estado de degradação do Mosteiro de Santa-Clara-a-Nova e fiquei sensibilizado pelo pedido de ajuda que me era feito pela Confraria da Rainha-Santa. Visitei (ver fotos) demoradamente o convento, datado do século XVII, na companhia da Prof. Maria José Azevedo, então vice-presidente da Câmara de Coimbra e vereadora da Cultura, e de várias outra pessoas ligadas à CCDRC. Fiquei chocado com o estado de degradação, de desleixo e de desprezo por um monumento nacional tão importante, e que mostra bem a descoordenação existente entre os vários serviços espalhados pelas regiões, e a respectiva ligação ao Governo central.
Mas isso não foi, por incrível que pareça, o que mais me impressionou. Na verdade, o que mais me impressionou foi a monumentalidade do espaço e as imensas possibilidades que tem. É um edifício enorme, com imensas salas e recantos, claustros fabulosos de uma beleza rara, uma vista sobre a cidade maravilhosa e imenso espaço nas traseiras do edifício (usado pelo exército português, a quem o convento esteve alugado, para construir enormes garagens para material circulante e outro). Imaginei logo imensas coisas que ali podiam ser sediadas, com enorme vantagem, dada a localização única. Se Coimbra queria um local para conferencias e espetáculos de média dimensão, que pudesse ainda adicionar espaços para outras manifestações de cultura e a capacidade de alojar visitantes numa pousada de elevada qualidade, este deveria ser o local a considerar em 1º lugar. O espaço está lá, a possibilidade de edificar o que falta (por exemplo, uma sala de espetáculos de média dimensão também, nas traseiras do edifício) também, a qualidade do espaço, da vista, a história viva em todas as paredes, a ligação à padroeira de Coimbra, a localização, tudo parece certo. Até a urgência em recuperar um local que não resistirá por muito mais tempo.
Num dia, também de 2012, assisti num dos recantos exteriores do Convento a um concerto da Orquestra Clássica do Centro, com Coimbra em linha de vista, e pensei quão fabuloso era aquele local. E imaginei-o utilizado em maior escala, ao serviço da cultura, da memória de uma cidade e de um povo, e do bom-senso. Aquele que preserva a nossa história e o nosso património e lhes dá novas valências e utilizações, gastando com parcimónia, estratégia e inteligência os fundos comunitários de que dispomos e que deveriam ser usados para dar uma nova vida àquilo que nos distingue como povo.
O que vejo por aí são massas volumosas de novos edifícios, construídos de raiz, às vezes a metros daqueles que deveriam ser requalificados, sem uma ideia, sem um plano, cheios de problemas de todo o tipo, que custam os olhos-da-cara a construir, que serão impossíveis de manter, desde logo porque são construídos sem objetivos e sem ter verdadeiramente identificado o problema que pretendem resolver, e que, consequentemente, no final não resolvem problema algum. Adicionam muitos outros.
Disse-o e repito: Muito dinheiro, pouca inteligência e nenhum bom-senso.

E se… , um programa de Norberto Pires
Realização de Rijo Madeira